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Mais treme-treme

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Quando decidi mudar, juro que não tinha colocado na “conta” um outro tipo de mudança e adaptação: aos terremotos. No Brasil somos muito felizes por não ter que passar por desastres naturais como terremotos, vulcões, tsunamis e afins. Claro, tem as enchentes, alguns tornados (raros), mas é diferente (acho!).

Vocês devem ter visto que ontem teve um terremoto aqui. Por mais que já tivesse passado por um tremor em dezembro (quando o México me deu as boas vindas), mas este foi mais bizarro. Primeiro porque estava sozinha em casa, no 29º andar (ui!). Segundo porque este durou mais. Dizem que o outro durou cerca de 40 segundos e este 1 minutos, seguido de outros 2, 3, sei lá quantas réplicas. Além de que, depois do terremoto de 85, que detonou a Cidade do México, este foi o mais forte por aqui. Se dá medo a eles, imagina pra nós!

Se da outra vez estava quase dormindo, desta estava bem acordada, de pé na cozinha preparando um suco. Eis que tombei pra trás, como que perdendo o equilíbrio. Pensei: “ui, que tontura!”. Voltei à bancada e…zupt…caí outra vez pra trás. Não sei como explicar, mas a sensação é mais ou menos a de estar em pé numa gangorra ou caminhando sobre um barquinho pequeno (pra quem já entrou em um, sabe do que estou dizendo). De verdade pensei que ia desmaiar e me segurei forte na bancada. Quando ouvi o estalo dos vidros da janela, as cordinhas da cortina e a luminárias suspensas da cozinha de um lado a outro é que me dei conta do que estava rolando. Buscar o telefone a uns 2 metros não foi tarefa das mais tranquilas. Bom, os seguintes 2 minutos passei debaixo de uma mesa, quase chorando, falando ao telefone com meu noivo, que estava do lado de lá seguindo os procedimentos instruídos pela sua empresa. Esta foto aí abaixo é o que via da minha janela, minutos após o terremoto. Uma empresa evacuando o edifício.

Realmente não sei dizer quanto tempo durou tudo isso, réplicas, etc. Só saí debaixo da mesa quando as cordinhas não balançavam mais. Isso não significa que parou de balançar. Ao contrário. Acreditem ou não, até agora sinto umas vertigens, como se o “pra-lá-pra-cá” perdurasse. Deve ter alguma explicação científica pra isso, sei lá. Não pensei que ia morrer, nada disso. Os prédios aqui, depois de 85, foram preparados pro “balança mas não cai”. Isso não diminui o medo. Longe disso. Meu único pensamento era: “quando isso vai parar pelo amor de Deeeeeeus!?” rs.

Na vida a gente se enquadra a tudo (e assim deve ser), mas a isso realmente nunca vou me acostumar. ME-DO!

Mas o lado divertido da história (sempre tem uma coisa boa pra rir, mesmo nos piores momentos, né!? Se não, temos que buscar!), além de lembrar de mim embaixo da mesa, é que acabei dando entrevista pra Folha de São Paulo e a reportagem saiu na Folha, num site do Mato Grosso e na Gazeta do Povo, de Curitiba (reportagens abaixo, enviadas pelo sogrão). A gente passa medo, mas pelo menos se diverte! =o)

Enfim, o México me deu as boas vindas!!!

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Dizem que para viver no México tem que se acostumar com os tremores de terra. O mexe-mexe é tão comum por aqui que há quem se divirta vendo o lustre balançar e seus cristais refletirem as cores do arco-íris (relato verídico, juro!). Por diversas vezes a tradicional “há quanto tempo você vive aqui?” vem seguida por “e os tremores?”. Sendo assim, já estava me sentindo indesejada aqui por nunca ter passado por isso. Verdade que o bairro onde vivemos é um dos mais altos e (não me perguntem por que) é mais difícil sentir os tremores.

Eis que aconteceu. No último sábado, lá pelas 19h47 o chão do nosso 29o andar começou a sacolejar forte. Acordei meu noivo que cochilava e ficamos encostados na parede – por ironia ele havia feito uns dias antes um treinamento para terremoto, tipo estes de incêndio que fazemos no Brasil. Enquanto pedia pra que aquilo acabasse rápido, só conseguia ver as luminárias ao lado da nossa cama sacudindo (depois ele me disse que a TV ia de um lado pro outro). O terremoto durou 48 segundos. Uma eternidade para marinheiros de primeira viagem como nós. Saí no corredor para ajudar a vizinha que estava em prantos com o cachorrinho na mão e pude ver que não éramos os únicos assustados por ali.

Logo vieram as notícias oficiais, dizendo que estava tudo bem e que não haviam grandes danos à gente e à cidade (depois descobrimos pelos jornais brasileiros que 3 pessoas morreram, mas aqui nada foi dito). De fato nada muito sério se notou pela cidade. Só encontramos esta vidraça quebrada na rua.

Efeitos do terremotos na Cidade do México (10/12/2011)

Já estava até me acostumando com a ideia, até que, conversando com um taxista, descobri que este terremoto foi apenas 1 grau menor do que o de 1985 (que bom que não soube disso antes…glup), o mais devastador até hoje por aqui. Qualquer mexicano tem uma história para contar sobre este tremor, que derrubou a cidade.

Times da época

No final das contas, a experiência acabou rendendo boas histórias. Afinal, como viver no México sem conhecer esta estranha sensação???….que venham os próximos! rs

Ah, se alguém tiver curiosidade de saber mais sobre o famigerado terremoto de 1985, encontrei um documentário bem bacana da Discovery México.
PARTE I
PARTE II
PARTE III
PARTE IV
PARTE V